Poupar em presentes de Natal não é vergonha
Gostei muito do texto da Fátima Bento em “Este Natal só damos presentes às crianças”, e outras barbaridades afins. O argumento é muito válido, mas sinceramente não acredito que haja muitas pessoas a só dar presentes às crianças, quando tem no seu orçamento um IPhone7.
Na verdade, há muitas famílias que optam por comprar presentes apenas para as crianças, porque o seu orçamento é demasiado pequeno para despesas extras e têm de fazer (difíceis) escolhas. Optar por não comprar presentes entre adultos, como alternativa a um esforço financeiro que não podem/devem fazer, é perfeitamente legítimo.
Embora considere o argumento da Fátima muito válido, também é verdade que os adultos têm outros mecanismos de defesa para lidar com as frustrações associadas às dificuldades económicas.
Eu acrescentaria às barbaridades outras frases como:
Para dar isto, mais valia nem dar nada.
Andar a procurar promoções, em vez do presente ideal para aquela pessoa, é não ter espírito de natal.
Não é vergonha nenhuma tentar poupar com presentes de Natal. A troca de presentes é uma prática social como desejar os parabéns num dia de aniversário, ou ir a um funeral. São práticas que reforçam laços sociais e que não têm de ser associados a sinais exteriores de riqueza. Na verdade, nem têm de ser associadas a dinheiro.
Se aquilo que podem dar é apenas uma “lembrança”, recordem-se que é mesmo uma daquelas situações em que se aplica o velho adágio “o que conta é a intenção”. Se a vossa intenção é dar um pequeno prazer a alguém e se acharam que o que adquiriram o conseguiria, esse o objectivo de trocar presentes de natal.
Poderá acontecer a pessoa não gostar, mas isso pode acontecer, com mais ou menos dinheiro e, por vezes, diz mais da pessoa que recebe do que a que dá. Eu até já recebi um after shave, de uma avó…
Quanto ao esforço de procurar comprar o mais/melhor possível pelo menos preço possível é, na verdade, um acto de inteligência.
Ou acham que os mais inteligentes são os que vão comprar um brinquedo 3 dias antes do Natal, quando o poderiam ter comprado 20 dias antes por metade do preço?
Não será essa teimosia, em não comprar em promoção, simplesmente uma forma de exteriorizar riqueza (que até poderá não existir – Promoções e cupões é para pobres)?
Em suma, não têm de se sentir envergonhadas/os se os vossos recursos financeiros só permitem uma prendinha para as crianças, uma lembrancinha, ou vos obriga a um esforço de encontrar o que desejam em promoção. Muito pior seria passarem este período angustiadas/os com o que gastaram, por vos fazer falta para outras despesas.
https://descontos.blogs.sapo.pt/2972592.html
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