As estratégias ocultas das empresas para inflacionar preços

Recentemente, estive a ler um artigo sobre práticas utilizadas pelas empresas nos Estados Unidos, para subir preços. E é verdadeiramente assustador.

Este artigo descreve como as grandes empresas nos Estados Unidos estão a utilizar técnicas cada vez mais sofisticadas para aumentar os preços aos consumidores, mesmo quando os seus custos não aumentaram. São práticas que podem ser consideradas “truques” para enganar e cobrar mais aos clientes.

Algumas destas “novas manhas” têm nomes elaborados mas que até já conhecemos, como por exemplo:

  • “Shrinkflation” – cobrar o mesmo preço por menos produto, reduzindo discretamente o tamanho das embalagens. Quem não se lembra da retirada de produtos da Matutano?
  • “Drip pricing” – revelar apenas parte do preço total no início, acrescentando depois taxas e encargos adicionais que só aparecem no final da compra. As viagens low cost são disso um excelente exemplo.
  • Preços “personalizados” – as empresas usam os dados da tua navegação e compras online para determinar o valor máximo que estás disposto a pagar.
  • “Preços algorítmicos” – as empresas utilizam software para coordenar os seus preços e evitar a concorrência, garantindo que não se praticam preços mais baixos.
  • “Preços dinâmicos” – cobrar mais por um produto quando a oferta é limitada, explorando a escassez. Ou então, subir os preços da água se a temperatura subir, por exemplo.

Três fatores-chave contribuíram para o surgimento destas práticas:

  1. As empresas ficaram cada vez maiores e têm menos concorrência no mercado;
  2. Avanços tecnológicos que permitiram recolher mais dados sobre os consumidores e ajustar os preços;
  3. A pandemia e a inflação criaram as condições perfeitas para as empresas testarem estas estratégias agressivas.

Como consumidores em Portugal, é importante estarmos atentos a possíveis tentativas semelhantes de aumentar preços sem justificação, como as “etiquetas digitais” que já começam a aparecer nos supermercados. Pergunto-me se estamos devidamente conscientes e preparadas/os para lidar com tentativas semelhantes de manipulação de preços.

Apesar do mercado ser muito mais regulado, temos de ser muito vigilantes. Devemos exigir mais transparência e uma forte regulamentação destas práticas, para que os nossos direitos sejam protegidos.

4 thoughts on “As estratégias ocultas das empresas para inflacionar preços”

  1. Olá Cristina,
    Um cenário verdadeiramente assustador, principalmente a adopção de preços “personalizados”.
    O que são as etiquetas digitais nos supermercados? Penso que ainda não me apercebi disso…

    1. Olá Margarida. Se reparar nas prateleiras dos supermercados, começam a aparecer etiquetas de preços que parecem papel, mas não são.
      Essas etiquetas são alteradas por computador, o que permite alterar muito rapidamente a mesma.
      Apenas um cenário imaginário:
      Imagine sensores num corredor que detectam que está a sair muito produto X da prateleira. Sobem o preço no computador e quando chegar à caixa vai pagar mais. E quando reclamar, vão mostrar a etiqueta na prateleira com o preço actualizado.

      1. Cristina,
        Desconhecia completamente essa realidade! Assustador!!
        Estarei atenta a essas etiquetas, embora 90% das minhas compras seja feita através do continente online.

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