Nunca pensei escrever tal frase: estive a dar uma mãozinha na vida sexual das minhas abóboras.
Uma das experiências no meu mini quintal é a plantação vertical de abóboras. Para semente, utilizei as sementes de uma abóbora butternut do meu cabaz.
Ora, qualquer pessoa que deseje iniciar-se numa horta urbana, segue a Susana Caseiro e eu não sou excepção.
Foi a segui-la, que aprendi a diferença entre as flores macho e fêmea, no que respeita a abóboras e aprendi a dar uma mãozinha à polinização, o que não seria necessário, se não andássemos a matar as abelhas.
Passei DIAS a ver todas as flores que apareciam, até que FINALMENTE apareceu uma flor fêmea.
As flores fêmeas têm uma pequenina abóbora a despontar.
Quando abertas, o estigma é na forma de uma pequena coroa.
Já a flor macho, o estigma é… basicamente uma pilinha.
Por isso, naturalmente que castrei o macho e fui esfregar o pólen da flor macho, na flor fêmea.
Esperemos que daqui nasça uma abóborinha, para a sua morte não ter sido em vão.
Depois de encontrar uma aplicação para identificar plantas a partir de fotos, descobri que é uma planta invasora.
Espécie incluída no Decreto-Lei nº565/99, como espécie invasora, sendo proibido o seu cultivo, detenção em local confinado ou usada como planta ornamental.
Ironicamente, ainda ontem estava a ouvir um maravilhoso podcast sobre os erros que cometemos, quanto encetamos intervenções na natureza.
E agora cabe-me corrigir o meu erro e aprender com ele.
Não é por ser uma planta “silvestre” e comum na minha zona, que é endógena e segura. Lição aprendida.
TEXTO ORIGINAL:
Eu adoro as flores de primavera, que a generalidade das pessoas chama de ervas daninhas: os vinagres, as campainhas…
Estas são uma planta “vadia” da orla costeira onde vivo. Decidi apanhar um pé e tentar plantá-la em minha casa.
ATENÇÃO, ela foi retirada de um terreno que estava ser limpo para a construção de um prédio (a verdadeira praga destas bandas).
Não recomendo, de todo, que andem a apanhar plantas em terrenos públicos ou alheios. Se não a trouxesse, ia ser destruída, de qualquer modo.
São lindíssimas e fecham para “dormir”. As formigas parecem adorá-las.
Alguém sabe como se chamam?
Não se deixem levar pelo apelo ao consumismo que parece inundar as redes sociais, no que respeita a plantas.
É perfeitamente possível enfeitar canteiros ou vasos com plantas adquiridas de forma frugal.
Recordam-se de eu dizer, a propósito dos produtos de limpeza, que precisava da “ciência da coisa”? Pois bem, julgo que encontrei a “ciência da coisa” para a utilização de ervas do meu quintal.
Plantas e produtos vegetais em fitoterapia
A. Proença da Cunha (doutor em farmácia) – Alda Pereira da Silva (médica especialista) – Odete Rodrigues Roque (licenciada em Farmácia)
Fundação Calouste Gulbenkien
Bendita biblioteca pública, porque este calhamaço de 700 páginas custa €30.00.
A primeira coisa que fiz foi procurar as plantas que possuo, porém nem sempre é fácil perceber a eficácia das diferentes formas de admininstração (óleo essencial, infusão,…). Fica a nota aos autores.
Relativamente ao alecrim:
“normalizador das perturbações digestivas ligeiras associadas a disfusões hipobiliares, flatulência, anorexia… em balneoterapia, como activador circulatório e anti-reumatismal”
“infusão (10 min.): 1/2 a 1 colher de chá (2g) por chávena, 2 a 3 vezes por dia”
Gostei do “balneoterapia”. Já me imagino na banheira com alecrim, a cozer… tipo franga.
Entre outras informações, para cada planta tem: partes utilizadas, usos médicos, principais indicações, contra-indicações, efeitos secundários e toxixidade, formas de administração e bibliografia. Duas páginas para cada planta, tudo bastante sistematizado e conciso.
No que respeita à aveia, interessou-me bastante a seguinte menção:
“aplicação externa: em inflamações da pele, especialmente quando há irritação com coceira… balneoterapia: 100 g de planta para um banho completo. Ferver em 3 litros de água durante 20 min. e juntar o cozimento à àgua do banho.”
Também procurei a cerejeira, para ver se falavam dos caules das cerejas, que se guardam em casa dos meus pais:
“cozimento dos pendúculos: 30 a 50 g/l. Tomar 1/2 L por dia. Se os pendúculos não são frescos, macerar previamente durante 12 horas.”
A ideia é encontrar, por exemplo, uma infusão que seja boa para a garganta, tosses, como alternativa ao elixir dentífrico e coisas do género. Não é tarefa difícil porque as páginas 653 e seguintes têm um índice de doenças/plantas.
Francamente, entre os livros que encontrei, este é o que me enche a medidas, pelo suporte científico que contém. Decididamente merece uma visita à biblioteca, se o tema vos interessa.
Não é minha intenção abdicar da farmacologia moderna, mas se ajudar, porque não?
O meu pai está a festejar as batatas que conseguiu colher. Pelas contas dele, uns 400 kg que alimentarão 4 casas (mais ou menos).
Ele planta o que eu desejar, mas tem dificuldade em sair do que conhece. E eu… eu não percebo nada de nada.
Mas uma coisa tem ficado claro, ele está disponível para “receber instruções”: planta o que eu disser e como eu disser, mas depois tem muita dificuldade em manter plantas que não conhece e não tem muita motivação para procurar a informação, mesmo que ela seja na forma de workshops gratuitos.
Por isso, cheguei à conclusão que deveremos trabalhar juntos, fazendo uso dos pontos fortes de cada um. Eu farei a recolha de informação, a planificação (por meses) e ele a execução dos trabalhos.
Dia 1: Curso de Plantas Aromáticas, Medicinais e Condimentares (Cantinho das Aromáticas)